quinta-feira, abril 12

"Controle de Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial com Grupos de Intervenção Educacional e Terapêutica em Seguimento Ambulatorial de uma UBS"

Revista Saúde e Sociedade v.15, n.3, p.180-189, set-dez 2006

Terezinha Rodrigues Silva
Fonoaudióloga, UBS Vila Romana


Chaie Feldmam
Clínico Geral, UBS Vila Romana

Maria Helena A. Lima
Assistente Social, UBS Vila Romana


Moacyr R. Cuce Nobre
Doutor em Medicina, Unidade de Epidemiologia Clínica
Incor- HCFMUSP

Rachel Z. L. Domingues
Mestre em Serviço Social, Unidade de Epidemiologia Clínica
Incor- HCFMUSP


Resumo
A educação em saúde, associada ao autocontrole dos níveis de pressão e/ou glicemia, à atividade física e à dieta alimentar, é importante instrumento para aumentar a procura por tratamento e controlar os índices de pacientes hipertensos e/ou diabéticos. O conhecimento das doenças está relacionado à melhora da qualidade de vida, à redução do número de descompensações, ao menor número de internações hospitalares e à maior aceitação da doença. Na Unidade Básica
de Saúde Vila Romana, São Paulo, foi proposta intervenção em uma população de pacientes diabéticos e hipertensos por meio de formação de grupos para ação educativa, seguimento regular, fornecimento de medicação, controles periódicos e atendimento de intercorrências. Nos primeiros 3 meses, ocorreram encontros mensais, seguidos de consultas periódicas,
controle das doenças e dispensação da medicação por mais 27 meses. Com os 191 pacientes, foram formados grupos de hipertensos e grupos de diabéticos hipertensos.
Comparando-se os resultados iniciais com os pós-intervenção, observou-se redução relativa de 42% e absoluta de 26% no número de pacientes com pressão moderada e grave. Para os diabéticos, a redução absoluta foi de 22%, para aqueles com glicemia superior a 200mg/dl, e aumento de 33%, para aqueles com níveis inferiores a 125mg/dl. Para pacientes dependentes
do sistema oficial de saúde e do fornecimento da medicação, em grande parte idosos e pessoas com baixa escolaridade, embora não se tenha obtido no estudo o controle de todos os determinantes de adesão e o controle das doenças, a intervenção se mostrou eficiente.
Sugere-se que seja institucionalizada.
Link:http://www.apsp.org.br/saudesociedade/XV_3/revista%2015.3_artigo%2013.pdf

O mérito deste artigo é demonstrar que, num serviço público, é possível compor uma equipe multi-profissional e interdisciplinar para enfrentar o problema clínico mais prevalente das UBS, que é a hipertensão e o diabetes.

Além dos resultados positivos da intervenção, com melhora no controle das doenças, creio que o mérito maior é o vínculo criado entre profissionais e população, transformando ambos, e modificando as estruturas das abordagens dos problemas, demonstrando que não só assistência médica e medicação, mas também educação em saúde e mudança de comportamento são questões importantes para uma melhor qualidade da vida das pessoas.

Mais do que números, são pessoas (funcionários e usuários) que conviveram 30 meses seguidos, sofreram revezes com perdas e seqüelas, mas que continuaram, curando a solidão de muitos deles, mudando o significado de uma UBS como promotora de saúde e não apenas como controladora de doenças.

O artigo passa, com toda a pompa do cientificismo e da exatidão dos números e das estatísticas, mas o trabalho continua. O artigo é apenas um traço de uma atividade, que representa muito mais do que o significado das palavras, seja numa publicação científica, seja neste blog.

Parabéns aos autores do artigo, à UBS Vila Romana e ao INCOR pela divulgação científica do trabalho. Creio que esta abordagem é exemplo do encontro da ciência com outros saberes que circulam na sociedade, citado por Contandriopoulos em outro post(http://pesquisasco.blogspot.com/2007/03/pesquisa-x-servio.html#links)